Você acorda, tem suas obrigações diárias e por prezar por sua reputação e ser uma pessoa responsável, você se levanta. Não importa o tamanho do seu mau humor, da sua indisposição, de quantos sorrisos você terá que dar quando não há nenhuma razão para os mesmo, você dá início ao seu dia que antes de acordar você já sabia que iria ser péssimo.
O cansaço não lhe impede de trabalhar, de concluir o que deve ser feito, de responder educadamente as pessoas, de ter conversas enfadonhas sem deixar o outro perceber o quão incomodado e quanto você desejaria que a conversa nunca tivesse começado.
As refeições não são prazerosas, na verdade se há algo de desagradável no prato é ainda melhor, porque você acredita que tudo está conspirando para o seu dia “perfeito”. Havia me esquecido da ironia. O que seria desses dias se não fosse a ironia, cada “bom dia” e “tudo bem” dado sem a menor vontade. Os momentos que se é sincero, mas as pessoas ri porque acredita que você jamais falaria isso se fosse verdade. Cada xingamento que você pode dar interno, em voz baixa, sussurrando entre os lábios ou gritando no meio da rua.
Dias assim não são exclusivos de uma pessoa só e nem acontece uma vez ao ano. A única solução é tomar um longo banho, deitar a cabeça no travesseiro e esperar que o próximo dia venha e comece melhor. Mas às vezes, eu acredito, que com cada vez mais frequência do que antes, o dia seguinte não vem, as noites se tornam longas, os dias cansativos e tristes e ao deitar no travesseiro você não espera o outro dia, apenas questiona-se.
Por que continuar a levantar no dia seguinte e seguir com a rotina se não há dias melhores no horizonte? Por que ser educado com as pessoas que nunca tiveram consideração por você? Por que alimentar-se se não é capaz de preencher nenhum vazio? Por que ser responsável e manter a sua postura se as pessoas ao seu redor nunca vão se importar com o próximo?