Literatura Brasileira

Dia 22 de abril, celebrou-se por ano o dia do “descobrimento” do Brasil. Hoje, o feriado nacional é Tiradentes (revolucionário que lutou contra a monarquia portuguesa) e ignoramos a falácia do descobrimento que foi ensinada por muitas anos na escola.

Uma boa desculpa para que a crítica de hoje seja um livro brasileiro. Você não vai ler sobre um clássico hoje, eles são excelentes, mas não foram os clássicos que fizeram eu me apaixonar pelos livros.

Maria José Dupré talvez nunca tenha recebido o holofote que mereceu. Muito provavelmente porque, diferente da maioria dos nossos conceituados escritores clássicos, ela escreveu histórias bem próximas a realidade através de uma linguagem fácil. Ela pode não ter inventado uma nova forma narrativa, mas com certeza encantou e envolveu até a última página.

Éramos seis é a sua obra mais popular, e quando eu falo popular estamos falando de milhões de cópias vendidas, de adaptações para o teatro, TV e cinema, além de traduções para o francês, espanhol e sueco (Nós estamos falando da década de 1940).

O livro narra a história de Dona Lola e sua família. O marido e quatro filhos vivem em São Paulo e como a maioria da sociedade enfrenta muitos desafios para continuar a ter comida na mesa e, às vezes, até mesmo um teto.

O verbo no passado é um forte indício do que acontecerá na trama, ao longo dos anos a família de seis vai diminuindo por adversidades da vida e conflitos familiares. O retrato de uma época cheia de preconceitos é uma lição de temos muito a evoluir, mas alguns passos já foram dados.

Eu li esse livro ainda adolescente, foi um dos primeiros livros que eu quis ler e não porque a escola exigiu que eu lesse. Eu me lembro da pela primeira vez sentir prazer em ir ao meu quarto, abrir o livro e esquecer de mim mesma. Naquela época eu não entendia o porque a personagem principal tem uma visão tão ultrapassada. Eu queria sentir pena por ela terminar sozinha, mas não conseguia. Hoje, eu aprecio o livro pelo retrato da sociedade que ele proporcionar e parte de mim gostaria que Dona Lola tivesse a oportunidade de viver em uma sociedade em que não fosse tão errado ser mulher.

Published by Tassia Kespers

Escritora, professora, tradutora, revisora, mãe e exploradora nas horas vagas.

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